Crônicas, Poesias e Estórias de um João

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Desarranjo mental

Eu sofro de uma doença indiagnoticável, inominável e desconfortante. Às vezes pergunto se isso não é saudade de uma rotina que me torne útil, se não é anseio por viajar para longe daqui (ainda reflexo das viagens de Che), vontade de ler algo surpreendentemente novo ou mesmo criar algo mágico e único. Mas meu momento não está para criação, sim para reconstrução, como se um algo invisível e indolor batesse contra meu corpo e eu estivesse aqui escrevendo sobre esse sentimento diferente, estranho.

Eu olho pro espelho e não me encontro. Não sei se falta filosofia, literatura, amor (pelos outros ou por si próprio). Acho que saber o que se passa comigo é um bom começo.

Por isso eu peço ajuda. Se alguém vir um pedaço que me falta, por favor me avise. Ainda bem que existe U2. Aceito um livro de contos.

Postado por Little John às 03:05.

domingo, fevereiro 13, 2005

Este começo de ano está bem diferente (e estranhamente familiar). Ok, sem eufemismos, está uma bosta. Eu fico feliz em saber que um raio ainda não caiu na minha cabeça (na verdade, metaforicamente caiu, mas enfim, não precisa ser um texto coeso) porque realmente tem alguém lá em cima que está exigindo mudanças. Às vezes eu sinto vontade de mandar todo esse catolicismo à merda, mas acho que o elo que nos mantém todos vivos (leia-se todos como familiares e afins) é justamente essa desconhecida força a que chamamos Deus. Aliás, longe de mim pensar novamente em suícidio porque o cara lá em cima é bravo e sempre manda um sinal de que tirar a própria vida é algo errado. Mesmo assim, ante tantas dificuldades, não encontro razão suficiente para tirar minha própria vida.

Acho que todo esse sentimento provém de vários paradoxos na tão comum realidade. Há tempos atrás, tudo era uma rotina de dar inveja aos campos, que não fazem nada senão existirem e vez ou nunca serem comidos por bois. Acho que tantos distúrbios assim deixam a gente confuso e desassossegado. Meu remédio tem sido poesia em doses homeopáticas, mas em pílulas de efeito instantâneo e de ótima procedência. Tento achar alguma verdade perdida nelas para se juntarem a essa confusão que escreve.

Não sei. Não creio que toda a verdade do mundo caiba em livros ou poemas, mas eu prefiro achar dessa maneira à ficar sem procurar. Tudo é muito confuso. Só sei que aos poucos eu venho retornando à poesia, com aquela melancolia de sempre que é marca registrada dos provenientes das terras de Portugal. Hoje em dia eu entendo muito melhor o meu avô e a sua introspecção. Creio que é essa tristeza que origina a maioria das poesias (mesmo as alegres, as de amor) e as respostas à maioria das perguntas que os livros não respondem.

Postado por Little John às 02:06.