Citação:

"Ora afinal a vida é um bruto romance
e nós vivemos folhetins sem o saber."

- Sweet Home, Carlos Drummond de Andrade

Sobre o blog:

Narração dos fatos da vida de um universitário, aspirante a escritor de prosa e verso. Nesse passeio, o cotidiano, a amizade, a cidade natal, o amor e temas metafísicos ganham um enfoque literário sob a visão de quem escreve.

Sobre mim:

Meu humor atual - i*Eu!

Nome: João Francisco Amorim Enomoto
Nascimento: 20/10/1984
Idade: 21 anos
Estuda: Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP - Curso Bacharelado em Ciências da Computação
Família: Sandra, mamãe; Lumi, irmã; Pedro, irmão caçula.
Inspirações literárias: Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, João Guimarães Rosa, José Saramago, George Orwell, Clarice Lispector, Machado de Assis, Pablo Neruda, Italo Calvino.
Ouve: MPB, Bossa Nova, Samba.
Gosta: de todos os amigos que tem, ouvir música, sair com os amigos, filosofar, escrever, ler livros de computacao e literatura em geral.
Não gosta: gente egoísta, egocêntrica ou limitada na maneira de pensar.
Lendo: Um livro aqui, outro acolá.

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sexta-feira, julho 09, 2004

Um círculo no país dos quadrados

Era uma vez numa terra distante, um simples quadrado, tão simples que se escreve assim, com letras minúsculas, e é referido como 'um'. Mas por um mistério da gênese das formas, subitamente o um quadrado passou a pensar de uma maneira diferente. Suas idéias e vãs filosofias eram muito mais gerais do que eram antes, abrangiam toda a questão da existência das formas e pensou na existência de planos quais os cartesianos. Estes não existiam nesse país, pois para eles nunca existiu Descartes, tampouco filosofias a respeito de tudo aquilo que o um quadrado havia pensado.

Sucedeu-se um evento assustador. O nosso indeterminado quadrado, cujo lado ninguém conhece por falta de referências na história, resoluto num ato irracional decidiu aparar suas arestas, sem um motivo que transpareça a nossa razão. E assim o fez: com uma ferramenta quadrada, existente unicamente nesse país e que não possuí nenhum semelhante no nosso mundo real, desgastou suas pontas até que ele se fizesse um círculo perfeito.

Tamanha foi a estranheza dos primeiros tetra-equilados ao verem um ser formado por curvas. Os mais velhos acharam aquilo uma afronta aos bons costumes e à tradição. Os mais novos se assustaram com a impressão do novo. Os adultos, tão escandalizados quanto todos os outros, tinham medo que aquele ser (que em sua essência era tão igual aos outros) fosse um símbolo de uma revolução ou um ícone da violência sob uma nova forma: a visual.

E não demorou muito para que o resolvido neo-círculo começasse a sair às ruas e pregar as suas idéias e filosofias acerca da existência quadrada e das novas formas curvilíneas que deveriam ser pouco a pouco introduzidas no dia-a-dia daquela sociedade tão exageradamente reta. Os poucos que paravam para ouvir as idéias do redondo profeta ficaram maravilhados em experimentar o pensamento de uma maneira menos rígida como se usava pensar.

A mídia, atraída pelas excentricidades, não demorou em buscar o ex-quadrado na curiosidade de entender o porquê daquela 'revolta pessoal contra o seu formato'. Logo o círculo da história concedeu entrevistas a telejornais, revistas, noticíarios das oito e, consequentemente, divulgou seus ideais de que as curvas deveriam ser anexadas ao padrão de vida de toda a civilização quadrática. E tal era o carisma do curvo indivíduo que mais e mais pessoas simpatizavam com as filosofias e ideais dos redondos. Mais do que isso, o outrora inexpressivo quadrado, abriu a cabeça das pessoas para a filosofia, o pensamento como um fluxo contínuo e o questionamento do existencialismo.

Inata era sua habilidade de falar e divagar nos caminhos tão estranhos do seu pensamento. Tamanho era o fervor que ele possuía em suas crenças que seus argumentos se tornavam mais sólidos do que a mais firme viga do maior prédio daquele país. Ele deslizava nas palavras como se a palavra fosse sua amante maior. Nada contrariava o jeito de pensar e suas idéias, que muitos foram os quadrados que acharam que ele havia inventado uma nova razão para o mundo com idéias tão fechadas.

No entanto, não foram todos os que se agraciaram com as moderníssimas idéias do estranho cidadão. Membros do governo olhavam com medo o nascimento daquelas tão reacionárias filosofias, que já se articulavam idéias várias para deter o crescimento desse círculo de idéias. Embora não se admitisse dentro da sala do governo, muitos eram os que rezavam à noite para que o lunático sumisse ou que pelo menos se abatesse sobre ele uma mudez súbita, ou a loucura máxima, ou a morte que fosse.

Quando começaram a surgir novos adeptos da filosofia do círculo revolucionário, os quais também decidiram se tornar círculos, o governo decidiu tomar uma drástica decisão: seria proibido a apologia às formas redondas, sob a pena de reclusão sem julgamento. E assim foram caçados todos os que se diferiam pela sua forma. Prenderam quase todos (alguns tornaram-se especialmente sagazes após o arredondamento de suas idéias) inclusive o grande líder. Para não causar comoção na sociedade e a geração de um mártir, decidiu-se que este deveria ter suas formas arredondadas retiradas e sua vida ganharia o rumo que sempre teve, antes de ser um rebelde.

E assim foi feito. Com a mesma ferramenta quadrada que fez com que ele ganhasse sua irracional forma, foi desfeito o feito. Cortaram-no até que se fizesse quadrado novamente, e o devolveram a sua vida medíocre de quadrado. Caso ele voltasse a divulgar idéias circulantes, o governo ameaçou cortá-lo até tornar-se duas metades.

Assim contam as lendas de um país quadrado. Desde então o medo de pensar tomou forma e nunca mais apareceram filosofias ou filósofos. De algum modo, todos perderam algo, mas o nosso um quadrado mais do que todos: ele nunca mais terá a grandeza de outrora.

Postado por Little John às 21:55.