Crônicas, Poesias e Estórias de um João

sábado, junho 19, 2004

Mini-conto

Passava um homem por uma agitada rua de sua cidade. Encostado num muro, um mendigo agitava uma lata com alguns trocados. O homem passa pelo mendigo, que começa o pequeno diálogo:
- Me dá um trocado senhor!
- Não tenho quase nada...
- Com um monte de "quase nada" eu compro meu almoço.
Resignado, o homem sacou da carteira uma nota de um real e a deu para o mendigo. Nunca havia ido à escola, mas o homem todo sujo e esfarrapado era mais sábio do que todos.

Postado por Little John às 22:46.

quarta-feira, junho 16, 2004

Do Eu, dos Livros, dos Versos

Hoje no caminho de volta para casa pensei em assuntos vários, mas todos eles se encontravam na mesma estrada: a literatura (penso às vezes se a loucura ou o demônio não se apossaram de mim de tal maneira a me fazer enxergar unicamente palavras no tudo que me cerca). Por ordem de título; pensei em mim mesmo e tentei refazer brevemente o caminho que constituí até hoje. Talvez eu me questione periodicamente com o intuito de saber se valeu a pena a vida até aqui. A razão aponta sempre com o dedo para cima.

Meditei acerca do amor. O que melhorou e o que piorou. E pensei se seria eu capaz de cometer atrocidades em nome do meu amor. A razão aponta para baixo. Isso porque adotei o amor racional, que não deixa de ter suas linhas românticas, mas ainda assim usa mais o cérebro do que o coração para pensar. Irônico é o fato de adotar uma forma menos idealizada de amar para atingir o quase inalcançável amor eterno. Todas as perguntas que eu fizer só serão respondidas próximas à hora da morte.

Mudando bruscamente de assunto: os livros. Pensei no quadro atual, onde a literatura tem lá seus gênios e obras-primas, mas onde residem literaturas baratas e mal trabalhadas. Não pensei a fundo esse paradigma, mas pensei quais livros mudaram a minha vida e de que maneira. Veio-me de súbito dois nomes: A Revolução dos Bichos, de George Orwell; e Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago. Talvez porque ambos os livros abriram os meus olhos para o lado adulto da vida: não existem inocentes. Se existem, são predados pelo sistema (odeio usar essa palavra, cheira a senso comum) ou pelo próximo.

Finalmente, o verso. Mas creio ter escrito demais. Coloco um poema mais tarde falando sobre a sutileza do verso.

Grato pela atenção dispensada.

Postado por Little John às 19:58.