Citação:

"Ora afinal a vida é um bruto romance
e nós vivemos folhetins sem o saber."

- Sweet Home, Carlos Drummond de Andrade

Sobre o blog:

Narração dos fatos da vida de um universitário, aspirante a escritor de prosa e verso. Nesse passeio, o cotidiano, a amizade, a cidade natal, o amor e temas metafísicos ganham um enfoque literário sob a visão de quem escreve.

Sobre mim:

Meu humor atual - i*Eu!

Nome: João Francisco Amorim Enomoto
Nascimento: 20/10/1984
Idade: 21 anos
Estuda: Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP - Curso Bacharelado em Ciências da Computação
Família: Sandra, mamãe; Lumi, irmã; Pedro, irmão caçula.
Inspirações literárias: Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, João Guimarães Rosa, José Saramago, George Orwell, Clarice Lispector, Machado de Assis, Pablo Neruda, Italo Calvino.
Ouve: MPB, Bossa Nova, Samba.
Gosta: de todos os amigos que tem, ouvir música, sair com os amigos, filosofar, escrever, ler livros de computacao e literatura em geral.
Não gosta: gente egoísta, egocêntrica ou limitada na maneira de pensar.
Lendo: Um livro aqui, outro acolá.

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sábado, novembro 08, 2003

Hoje

Eu entendi. Os céticos que me perdoem, mas eu creio em Deus e tenho certeza que ele existe. A verdade é que no fundo eu só quero um ombro para chorar. Eu só queria falar a verdade. Alguém me ajude, por favor.

Postado por Little John às 01:03.


terça-feira, novembro 04, 2003

O suicídio

Chegou às 19:30 em casa com tudo preparado. Disse a todos os seus verdadeiros amigos adeus e ninguém entendeu o porquê dessa atitude estranha. No dia anterior escreveu cartas a muitas pessoas queridas e até umas loucas cartas de amor, deixou três desse último tipo em cima da mesa para três distintas pessoas. Verdade é que não teve vergonha de ser feliz, escreveu todas a sangue, com a sinceridade maior que nunca tivera coragem de falar a ninguém, salvo o último amor.

O importante é que chegou em casa acompanhado de uma caixa de cerveja barata e ninguém estava em casa. Todos saíram para passear pela lindíssima cidade de São Paulo. Escurecia quando ele foi preparar o jantar e curtir finalmente a vida. Botou o som bem alto, sem se importar com o que diriam os vizinhos. Ele ouvia Chico enquanto cantava desafinadamente "Vai passar...". Terminou de esquentar os pedaços de pizza de ontem. Rezou, e comeu.

Ligou a televisão e começou a rir de todos os canais. Nada poupava, nem a novela glamourosa que passava às nove. Desligou de tédio e começou a festa. Tomava uma cerveja atrás da outra: queria ver se só isso bastava. Ao final de todas, roubou um cigarro da mãe em cima do microondas e experimentou um trago. Fumou como se fosse um veterano enquanto indagava sobre a vida.

"Ai, que vida boa, olerê, ai, que vida boa, olará..."

Começou a escrever. Pegou aquele seu velho caderno e rabiscou tudo que o álcool lhe dizia. Chorava de tonto ao ver como seu lirismo era bonitinho. Trôpego, foi ao quarto pegar todos os livros de poesia que tinha, poucos. Leu aleatoriamente trechos de poemas. De repente da calma fez-se o vento, e lhe bateu a depressão. Chorou em cima do papel que desejava ver feito em livro, mas sabia que não iria acontecer.

Pensou em tanta coisa que não caberia num texto, muito dificilmente. Ficou transtornado com o que pensou. A sala estava escura, a musica acabou, a festa acabou. Seguiu para a cozinha bem devagar, devagarinho. Lembrou de tudo que passou, até o que não lembrava mais. Olhou os talheres e puxou uma faca bem afiada, daquelas usadas pra cortar carne. Botou o pulso na pia, abaixou a cabeça e se cortou. Morreu antes de êxtase do que de hemorragia.

Postado por Little John às 23:07.


segunda-feira, novembro 03, 2003

Ensaio sobre o amor

Alberto Dantas Morais nunca entendeu o que era exatamente o amor. Paulista, 33 anos, passou toda a sua vida na cidade grande, perdido no cinza. Formou-se engenheiro e trabalhara por um bom tempo numa empresa na Av. Paulista. Nunca se cansou de seu trabalho.

Embora tivesse idade, não tinha um relacionamento amoroso. Casos, transas, ocasionalmente ele pagava. Sempre às escondidas, para que seus companheiros de trabalho não zombassem dele. Achava rídiculo as novelas que em seus momentos de tédio assistia, tudo muito a la mexicana, com muito choro e drama. Achava ridículo. Para ele as mulheres só gostavam daquilo que possuia na carteira, mal-acostumado com suas noites na Rua Augusta e com a formação machista ensinada por seu pai. Sua mãe abandonou a casa logo após alguns meses que deu a luz ao filho e seu marido perdido o emprego. Por raiva, o pai ensinara ao garoto o valor que as mulheres tinham. "Vagabunda..."

Entre seus amigos o assunto de adolecência era o sexo. Aquele que conseguisse uma noitada com uma garota do colegial era digno de respeito. Alberto nunca conseguiu ficar com alguém, todos os seus colegas não eram mais virgens. Com medo da represália e zombaria, juntou o dinheiro de algumas passagens de ônibus e pagou uma mulher que lhe ensinasse a ser homem. Sentiu-se um tanto culpado, mas o respeito conquistado por seu pai e seus colegas logo o desvencilhara de tal carma. Gostou. Não fora a última vez a visitar os prostíbulos de seu bairro, bem as escondidas. Queria experimentar todas as mulheres da cidade e seguiu pagando a todas de sua rua.

Apaixonara-se, se é possível isso para Alberto, por Lúcia, uma morena de belas coxas do 3º ano. Não demorou a querer conhecê-la. Com auxílio de um amigo seu, marcou um encontro com a moça, que parecia corresponder ao amor do jovem rapaz. Saíram para uma noitada em um bar. Os dois sóbrios e Alberto pergunta quanto ela cobraria a transa. Que desfeita! Lúcia pegou a bolsa e chamou um táxi. Alberto passou a noite com a conta. Na faculdade não foi diferente: os poucos encontros que marcava com as meninas de medicina (tinha uma paixão pelas moças que faziam o curso) terminavam com a proposta. O desfecho era sempre o mesmo, as moças pegavam suas bolsas e chamavam um táxi. Alberto agora namorava contas e bebidas.

E fora a paixão por bebidas que levava o graduado engenheiro todos os dias ao bar, sempre a procura de uma mulher fácil. Ocasionalmente conseguia uma transa de graça, outras vezes custavam-lhe as bebidas. Alberto era muito distante do amor, até chegar no bar Paula. A linda mulher sentou-se numa das mesas do cotidiano bar de Alberto e esperou. O homem não sabia se o que a deixara tão linda foram seus pais de origem asiática ou os dois copos de cerveja que precederam a chegada de sua deusa. Não se demorou para chegar perto da moça. Ele estava sozinho, ela estava sozinha, por que não? Conversaram por um longo tempo. Paula não bebia, pediu uma água tônica apenas e a tomava a leves goles que perduraram duas horas. Para evitar vexame, Alberto controlou-se e bebeu apenas uns chopes, para não lhe acalorarem as ideías. Paula revelou estar no lugar a espera do namorado, precisavam dar um ponto final em seu relacionamento. Começou a chorar de leve, sem falar muito no assunto mas decerto ela pensava no futuro ex. Alberto não demorou para convidá-la a ir para casa, afirmando que o homem era um insensível e não teve coragem de vir para discutir o assunto. Ela relutou, e foi.

Na casa de Alberto, bairro de Higienópolis, Paula voltou a chorar. Como se tivesse no rapaz um porto seguro, começou a desabafar as origens do conflito entre ambos. O rapaz, alcoolizado, fingia escutar a moça, enquanto a substância já começava a fantasiar a nudez da moça. Num ato de desespero ela se lançou aos braços do ébrio rapaz. Beijaram-se e caminhavam lentamente para a cama. Tiraram as roupas e finalmente eles eram eles. Antes de começar tudo, Paula pediu a Alberto para dizer "eu te amo".

Tudo parou. Parou o cérebro, o coração, a genitália, o álcool. Alberto não entendeu aquelas palavras, como se tivessem sido ditas por um extraterrestre. Ele simplesmente parou por um instante. Pensou tudo em um milésimo. Paula sentia nas costas nuas as mãos frias do homem. Aquela face da qual ela queria uma resposta ficara congelada no tempo. Ele não sabia o que era aquilo. Nem o pai, nem os amigos, nem as putas, nem as fotos de mulher pelada lhe ensinaram aquilo. Num momento de reanimação, pediu a Paula que saísse de seu apartamento. Os dois se vestiram como um casal arrependido. Ela disse adeus e falou que caso tudo desce certo os dois haveriam de se encontrar novamente. Paula saiu.

Semi nu, Alberto sentira uma quentura como se ingerisse uma dose seca de uma bebida forte. Ele não entendeu nada daquela noite. Foi a sala e enxergava os livros que tinha na estante. Andou até a sacada, onde nunca havia ido antes, e desatou a fitar o céu obscuro da noite paulistana. Nada lhe dava clareza. Imóvel, caiu devagar pela varanda e deu com o jardim do prédio, quinze andares abaixo. Ele entendeu.

Postado por Little John às 02:41.